domingo, 2 de dezembro de 2012

"Álvaro, "mê" filho! Tás enganado, pá!..." ou "Olhe que não, doutor, olhe que não - nº2"

O Ministro da Indústria e Emprego (Rssssss! Quase não temos um nem outro, pá!) Álvaro Santos Pereira descobriu a pólvora e quer que Portugal se "re-industralize". E não só Portugal: a Europa toda ou, pelo menos, a União Europeia... Uma das razões é o facto de ser a indústria que cria mais empregos e que a opção europeia de há uns anos atrás se concentrar na "produção" de serviços (e nas indústrias de tecnologia de ponta) deu como resultado o que está à vista: taxas de desemprego cada vez mais altas, taxas de desemprego de longa duração a aumentar, paletes de jovens sem emprego (e, por isso, sem vida contributiva para os esquemas de Segurança Social pondo em causa, a prazo, a sobrevivência desta tal como foi idealizada e criada na Europa), etc. Enfim: uma resma de desgraças.

Consequência que o ministro retira da sua análise da situação: vai bater-se que nem um leão para reverter a situação. O problema é se o leão é, como desconfio, como o de Alvalade...

Dizer isto enquanto ministro só lhe fica bem mas tenho quase a certeza de que ele sabe que os seus esforços estão condenados ao fracasso... Porque na Europa que manda, a que conta, o problema não é tão grave e porque a razão de fundo está noutro lado.

De facto, a raiz dos nossos males está alhures... (Gostaram desta do "alhures"?!...).
A raiz está numa opção feita há muitos anos pela crescente liberalização das trocas internacionais. E digo isto sem qualquer complexo e sem recear chamarem-me de chauvinista ou anti isto ou anti aquilo. Estou a constatar; nem tampouco estou (ainda) a fazer um juízo de valor.

De facto, aquela opção vem de uma época em que a Rússia estava "dormindo" na União Soviética e a China estava "ressonando" sob Mao Tse Tung, que "limpou o sarampo" a uma data de gente só para manter o poder e manter o regime "puro e duro" como ele o imaginara, gerando um "homem novo"! Só que tudo mudou, principalmente na China, desde o início dos anos 80. Que terminou com o esfarelar da União Soviética pouco depois da queda do muro de Berlim, em 1989.

A china é agora a plataforma de produção privilegiada para o resto do mundo, contratada ou subcontratada pelos países/empresas que dominam o comércio mundial e o consumo. E se no princípio faziam florinhas de plástico horrorosas e pouco mais, hoje fazem tudo ou quase. E se não fazem hoje farão amanhã ou depois de amanhã...
Isto é: a Europa, um pouco como a África, está "feita ao bife" pois quando decidir fazer qualquer coisa com mais tecnologia e que os outros não fazem, é certo e sabido que uns anitos depois vai aparecer um qualquer "made in China" que torna a produção na Europa quase impossível pois a diferença de preços vai ser muito grande.

Os importadores americanos de produtos "made in China" riem-se muito das preocupações do seu próprio Governo com a taxa de câmbio da moeda chinesa (que acusam de estar fortemente desvaalorizada e ser responsável pelo sucesso chinês nas exportações), o yuan, pois dizem que a diferença de preço entre o produto feito na China e feito nos Estados Unidos ou, mesmo, nas "maquilladoras" mexicanas é tão grande que o que poderá acontecer é eles passarem a pagar um pouco mais caro os produtos importados mas estes continuarão a ser SEMPRE mais baratos e continuará a valer a pena importar da China (em vez de produzir nos Estados Unidos). Com a Europa passa-se o mesmo, claro.

Outro exemplo: há anos ainda se fabricavam as "bicicletas com motor" VELOSOLEX no Senegal. A fábrica teve de fechar as portas quando o mercado local começou a ser inundado de motos oriundas da China que se tornou, assim, um empecilho aos esforços de insdustrialização da maioria dos países africanos

É por isto, meu caro Álvaro, que "a coisa" não vai funcionar... Tenho pena. Tenho mesmo muita pena, mas é a verdade... A Europa "desprotegeu-se" e o resultado está à vista: em boa parte desindustrializou-se --- pelo menos naqueles sectores mais mão-de-obra intensivos e que, por isso, absorviam mais emprego --- e... o tempo não volta para trás. Por vezes, infelizmente...

1 comentário:

  1. Pois é! Mas ainda acredito que em alhures ou algures (...) haverá uma revirada positiva.

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