Os últimos dias foram marcados pela polémica em torno da questão de se saber se Portugal iria ou não --- e quando --- beneficiar das mesmas condições (prazo de amortização, taxas de juro e taxas administrativas), mais favoráveis que as que temos actualmente, concedidas à Grécia para tentar ajudar a resolver o problema financeiro desta.
Como de costume, "em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Nomeadamente porque uns a tinham numas coisas mas não noutras e vice-versa... Entretanto, foi evidente o valentíssimo puxão de orelhas que o Presidente da República deu ao Governo e que terminou, como se deduz das declarações de hoje do Primeiro Ministro na Assembleia da República, com este a meter o rabo entre as pernas e alinhar pelo mesmo diapasão do PR no sentido de se renegociarem algumas das condições dos empréstimos a Portugal no sentido de obtermos condições semelhantes às garantidas aos gregos.
Não acedito que o Governo não viesse a suscitar a questão juntos dos seus parceiros europeus. O que se passou é que ele quiz fazer tudo às escondidas, fazendo "caixinha" das informações, e o PR obrigo-o a tornar público o que ele queria manter no conforto dos gabinetes. Um disparate. Mais outro tiro no pé quer do PM quer do Ministro das Finanças (gostaste do que o Marques Mendes disso de ti, Gasparzinho?!... És mesmo um desastrado!...)
Alinhemos alguns comentários sobre tudo isto.
O PR esteve bem quando veio a terreiro "exigir" que o Governo "exigisse" para os empréstimos a Portugal as mesmas condições dadas à Grécia e assumisse publicamente essa exigência. Esteve bem mas... Na verdade, houve alguma "contradição nos termos" nas declarações de Cavaco Silva pois não se compreende que no mesmo momento se diga que Portugal NÃO está nas mesmas condições económicas e financeiras da Grécia e ao mesmo tempo se peça que seja tratado da mesma maneira que ela... Claro que se as condições são diferentes, as "benesses" concedidas também devem ser diferentes... mas ainda assim melhores que as actuais.
Das declarações do PR retive também um outro aspecto: pela forma como ele respondeu a um(a) jornalista pareceu-me evidente que ele deu mais uma pisadela no pé do Governo por, aparentemente (pasme-se!...), não o informar do que estava a pensar fazer neste domínio... Talvez eu esteja a "ver cabelo em cabeça de careca" mas este aspecto, de dizer publicamente que não sabe o que o Governo anda a fazer neste domínio, é quase tão grave como o de saber se vamos ou não batermo-nos pelas mesmas condições (duvido que elas venham a ser exactamente as mesmas...)
Mas há ainda outro aspecto --- "emendado" à última hora graças à própria União Europeia, particularmente a França e a Alemanha: o do momento em que essas "benesses" nos vão ser concedidas. De facto, se elas fossem dadas desde já havia o sério risco de os "marvados" mercados nos confundirem com os gregos e dificultarem o nosso acesso ao dinheiro pela via "normal". Parece ser aconselhável, de facto, separar o trigo do joio e não misturar tudo temporalmente, Um desfasamento temporal entre a solução grega e a solução para Portugal (e a Irlanda) pode jogar a nosso favor e não contra nós.
Uma coisa parece certa, portanto: dentro de alguns meses --- 3-5?--- Portugal e Irlanda verão revistas e melhoradas as condições dos financiamentos que têm estado a obter da União Europeia (e do FMI? Quase inevitavelmente). Palpita-me que essa revisão será lá para Abril-Maio, depois de se saberem os números para a economia nacional e a execução orçamental do primeiro trimestre de 2013. Esses valores ajudarão a justificar aquela revisão e esta, por sua vez, vai ajudar a "disfarçar", perante a opinião pública, o agravamento da situação económica (e financeira?) do país. É esperar para ver.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
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