domingo, 16 de dezembro de 2012

40 anos?!... Credo!... :-)

40 anos! Completados hoje! O lançamento em pauta da minha nota da última disciplina feita no curso de Economia no ISEG entre 1967 e 1972 tem a data de 15 de Dezembro de 1972, uma sexta-feira. Mas eu sabia a nota desde a segunda-feira anterior, dia 11. A última "cadeira" a completar foi "História das Doutrinas Económicas e Sociais" e o docente era o Dr. José António [de Freitas ?] Mariguesa, que mais tarde integrou os quadros da Comissão Europeia, em Bruxelas.
Foi o meu amigo e então colega na residência de estudantes em que eu vivi os 5 anos do curso, na Rua das Praças, na zona da Lapa, Joaquim Pinto Coelho que me telefonou à noite (de 11DEZ72) para me dizer a nota do meu último exame (14? 15?).
A minha reacção quando recebi a notícia foi dizer para os meus pais, que estavam perto de mim, "estou licenciado!"... Parco de palavras e ainda mais de elogios, o meu pai abraçou-me e disse-me apenas "Parabéns!". Creio que foi a primeira vez que, sem ser pelos aniversários, me disse tal coisa... :-).


Mas este "ponto final" --- que foi, naturalmente, o início para a minha carreira profissional (na verdade eu já a tinha "começado" no 4º ano curricular ao ser contratado como um dos primeiros "monitores" do ISEG, pela mão da saudosa e cedo desaparecida Drª Aurora Murteira) --- teve um "ponto inicial" uns oito anos antes, quando, "menino e moço" de uns 16 anos mal acabados de fazer, tive de optar, no final do antigo 5º ano do Liceu, pela "alínea" a seguir no terceiro ciclo.
Até determinado dia, 3-4 dias antes da inscrição efectiva, estava claro na minha mente que iria ser advogado e seguir a então "alínea h)". Tinha o inconveniente de ter de aprender alemão e latim mas a vantagem de me livrar da matemática, matéria com a qual tinha a mesma empatia que muuuuuuitos dos leitores... Pouca... :-)

A maior parte dos meus colegas de há 40 anos...

E aí apareceu o meu pai a baralhar-me as ideias e as convicções...
Alguns dias antes tinha estado no "parlapié" com um amigo dele e pai de um colega meu e que era, tanto quanto era do meu conhecimento então, um dos poucos economistas que viviam em Setúbal. Para mim isso "era igual ao litro" pois não fazia ideia do que era um economista e do que faziam. Nem sabia o que o pai do meu colega fazia...
A conversa do pai do meu amigo era de que fazia muito gosto em que o filho fosse para Eonomia, como ele, mas que ele queria ir, como foi, para Direito.
A argumentação do meu pai foi mais ou menos esta: "vê lá, filho, no que te vais meter. Achas que tens cabeça e paciência para "empinares" tantas leis?!...". E a conclusão veio logo a seguir: "E se fosses para Economia?!...". Fiquei admirado com a "proposta" até porque, como disse, não fazia a mínima ideia do que eram as funções profissionais de um economista. Nem me preocupei na altura em saber se seria uma profissão "rentável". A minha única preocupação foi saber quais as disciplinas que teria de frequentar no terceiro ciclo: além de outras (nomeadamente e por exemplo, continuar com o estudo do Inglês em vez de iniciar o de alemão) teria de estudar "História" e "Geografia" --- que eu adorava (e ainda adoro...) --- e... Matemática. Isto é: "mudar de agulha" implicava manter essa dor de cabeça permanente que era a Matemática mas tinha a vantagem de me ver livre da obrigatoriedade de estudar alemão e latim.

Ó pra eu todo boneco com uma salenda timorense ao pescoço!...
(Foto do António Reis)

No fundo acabaram por ser as disciplinas que teria no 3º ciclo e não o conteúdo profissional da actividade de economista que falaram mais alto e foram decisivas para a minha escolha: entre ver-me livre da obrigatoriedade de estudar alemão e a de manter o estudo da Matemática não hesitei muito...

E assim cheguei ao então ISCEF, onde tive a primeira aula no dia 26 de Outubro de 1967, uma quinta-feira, para sair (?) de lá 5 anos depois, quando as licenciaturas eram de 5 anos e não de 3 como actualmente.

Já agora, um "fait divers" (?) que nos afectou a todos e que justificou que, cotrariamente ao usual, o curso, para muitos, tivesse termeninado em Dezembro e não, como seria normal em Junho-Julho, no final do ano lectivo. É que nesse ano se deu uma crise académica que afectou a Universidade em Lisboa e a polícia de choque einvadiu o Instituto. Lembro-me de uma tarde de Maio ter chegado cerca das 16h20m para ter uma aula e quando entrei na porta principal do ISEG, na rua do Quelhas, 6, dei com alguns colegas meus a fugir, sendo que 2-3 tinham a cara ensanguentada... Vim a saber logo a seguir que a "polícia de choque" tinha invadido o ISEG e que se tinha verificado um pandemónio. Na sequência desse acto e da luta que se seguiu, o Instituto esteve fechado alguns meses, "atirando" com os exames para Dezembro de 1972.

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