sábado, 8 de maio de 2010

O homem e o lobo!...

Esta noite sonhei!... Tal como acontece várias vezes, aliás... Só que não foi o sonho mais frequente (um desastre de avião...) mas sim com um lobo... e eu!
Então foi assim:
Estava eu à beira de uma pequena barragem (que raio! Do que eu me havia de "lembrar"!...), provavelmente à espera de uma cena qualquer para fotografar, quando vejo a menos de 100 metros de mim um lobo correndo na minha direcção. Era um lobo que se via estar faminto pois quase se viam as costelas, de tão magro que estava. Quase parecia o Rantanplan, o cão tinhoso e famélico dos terríveis e azarados irmãos Dalton...
Aliás, essa seria a causa de a corrida ser pouco mais que um trote e não, de maneira nenhuma, um galope. Para me abocanhar, pois então!
Mas o que é certo é que se atirou a mim e como eu, instintivamente, tinha posto o braço à frente para me defender, foi ao pulso que ele se agarrou. Porém, devido à sua falta de forças, não foi capaz de tentar estraçalhar o braço.
Aproveitando esse facto usei a mão livre para, apesar da dor --- não muito intensa ---, apertar as suas mandíbulas de modo a que ele não as pudesse usar para estraçalhar o braço ao memso tempo que lhe dificultava a respiração.
Objectivo conseguido! Ele começou a querer libertar-se daquela pressão que não o deixava morder mais e respirar. Ao mesmo tempo eu gritava-lhe: "Apanhei-te!" (não! Não acrescentei nenhm palavrão...)
Passados uns segundos disse-lhe com voz serena, como que para o acalmar: "Larga! Se me largares eu largo-te também! E cada um vai-se embora sem fazer mais mal ao outro. Combinado?!..".
Já ofegante devido ao esforço da corrida e ao facto de eu quase não o deixar respirar, ele abrandou a pressão das mandíbulas e fechou os olhos num assentimento. Estava selado o acordo...
Soltei-o e ele soltou-me. Ambos aliviados, vi-o virar-se e partir lentamente mas mal se tinha afastado uns 5-6 metros voltou-se novamente e começou a andar lentamente na minha direcção como que a preparar o salto para me atacar de novo.
A minha reacção foi imediata e disse-lhe, novamente com voz calma: "E o nosso acordo, pá?!... E o nosso acordo, pá?!...".
Isto foi o suficiente para ele parar e ficar a olhar para mim com cara (focinho?) de quem diz "Tens razão, pá!...". E ao "dizer" isto virou costas e foi embora.
Mais aiante ainda o vi cruzar-se com um casal de porcos com os seus 6 ou 7 filhos atrás(que imaginação fértil, a minha!... :-) ). Claro que o lobo tentou apanhar um dos leitões mas os pais viraram-se os contra ele e desancaram-no... Faminto, sem forças e provavelmente desmoralizado depois do encontro comigo, acabou por fugir e desapareceu.
Mas a história não acaba aqui.
Talvez por estar com roupa grossa e não ter deixado o lobo mover as mandíbulas, o certo é que eu não fiquei ferido em resultado do nosso "encontro imediato do 3º grau"! Por isso retomei calmamente o meu caminho e fui andando de nariz no ar a tentar "farejar" alguma cena para fotografar ou simplesmente aproveitando o sol e a temperatura amena do fim da tarde.
Eis senão quando, passado algum tempo e alguns quilómetros, reencontrei o lobo. E de novo ele correu para mim a fim de me atacar. Quando chegou perto para formular o salto gritei-lhe: "E o nosso acordo, pá?!... Não combinámos que cada um seguia o seu caminho sem chatear mais o outro?!..."
Tal como da primeira vez, a reacção do lobo foi parar e ficar paradão olhando para mim com olhos de carneiro mal morto como que dizendo: "Desculpa! tens razão!... Mas é que continuo com tanta fome que nem queiras saber!...".
Daqui em diante não me lembro bem dos contornos do sonho mas tenho uma vaga ideia de que fui a uma casa de comidas ali perto e comprei qualquer coisa para ele comer. Terá sido? Creio que sim porque lembro-me de termos ficado "amigos do peito"!...
E esta, hem?!... :-)

1 comentário:

  1. Sr. Professor, primeiro que tudo, deixe-me felicitá-lo pela paixão e empenho com que descreve a sua actividade como docente. 40 anos a leccionar é de facto louvável, sobretudo no panorama do ensino actual. Depois de ler alguns posts do seu blog, e sendo uma leiga em matéria de psicologia, chego a este post e entendo imediatamente quem é o lobo. Realmente 4 décadas a contribuir para o saber e educação das gerações mais jovens é algo marcante e do qual nunca se poderá "reformar" no verdadeiro sentido da palavra. Deixo-lhe os meus parabéns pelo seu contributo a esta penosa sociedade e votos de muitas felicidades nesta nova etapa da sua vida.
    Vera M. Castro

    ResponderEliminar